Hamas celebra cessar-fogo no Líbano e pede fim da guerra

O grupo libanês é aliado do palestino, e ambos são bancados pelo Irã, arquirrival de Israel.

Josinaldo Costa
Por: Josinaldo Costa Fonte: Folhapress
27/11/2024 às 16h03
Hamas celebra cessar-fogo no Líbano e pede fim da guerra
(Foto: Divulgação/IDF)

 

O cessar-fogo entre Israel e o grupo Hezbollah, vitória tardia da diplomacia do governo Joe Biden, começou às 4h desta quarta (27, 23h em Brasília). Moradores começaram a voltar ao sul do Líbano, e o Exército do país se prepara para enviar 10 mil soldados para a região.

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O acordo foi celebrado até pelo Hamas, grupo terrorista palestino cujo ataque de 7 de outubro do ano passado disparou o conflito no Oriente Médio e que agora diz esperar que o cessar-fogo ajude a acabar com a guerra na Faixa de Gaza, onde foi reduzido de governo a guerrilha em mais de um ano de conflito com o Estado judeu.

O grupo libanês é aliado do palestino, e ambos são bancados pelo Irã, arquirrival de Israel.

“O Hamas estima o direito do Líbano e do Hezbollah de buscar um acordo que proteja o povo libanês. Nós esperamos que esse acordo pavimente o caminho para o fim da guerra de genocídio contra nosso povo em Gaza”, disse o membro do grupo Sami Abu Zuhri à agência Reuters.

Por ora, nada muda na política para Gaza do premiê Binyamin Netanyahu, que foi obrigado a aceitar o cessar-fogo na fronteira norte por pressão de Biden, livre das amarras eleitorais americanas após a derrota de seu partido para Donald Trump no pleito presidencial do começo do mês.

Até aqui, o cessar-fogo parece estar funcionando, mas há questões em aberto. A principal diz respeito à capacidade de o Líbano assumir a segurança na faixa designada pela resolução 1710 da ONU, de 2006, que fracassou em estabelecer um tampão entre o Hezbollah e Israel no sul do Líbano.

O governo diz que enviará 10 mil soldados para lá, algo que nunca conseguiu fazer. As Forças Armadas do Líbano são frágeis, consistindo de 60 mil militares, e sempre foram subordinadas na prática ao maior poder de fogo do Hezbollah.

O grupo tem estimados 20 mil soldados na ativa e outros 20 mil, na reserva. Mas contava com um sofisticado arsenal de mísseis e foguetes, que Netanyahu disse ter degradado a 20% do que era. Avaliações israelenses colocam em quase 2.500 os mortos do grupo na guerra atual, que se intensificou em setembro.

A Reuters teve acesso a um texto do cessar-fogo que coloca mais dúvidas na mesa. Ele afirma que apenas militares e forças de segurança interna do Líbano estarão autorizados a portar armas no país, sugerindo assim algum tipo de desarmamento do Hezbollah.

Isso não está claro ainda. Na terça (26), um deputado do Hezbollah, que também é um partido político, disse que “desarmar a resistência foi uma proposta israelense que passou”. Hassan Fadlallah sugeriu à rede de TV Al Jadeed que isso não irá acontecer. “Milhares vão se unir à resistência.”

Enquanto isso, outros milhares, no caso de moradores do sul libanês, se enfileiravam em seus carros para voltar à região. Lá, Israel ocupa desde o fim de setembro uma faixa que avança cerca de 6 km no território do vizinho, mas na terça foram publicadas fotos de soldados junto ao rio Litani, o marco norte do tampão estabelecido pela ONU em 2006, 30 km da fronteira israelense.

Ainda não há esse movimento civil no Estado judeu, onde 60 mil deixaram suas casas no norte do país desde a irrupção da guerra. Segundo Sarit Zehavi, diretora do Alma, principal centro de estudos do conflito na fronteira norte de Israel, ainda é cedo para ser otimista.

“Apesar dos esforços das Forças de Defesa de Israel, milhares de foguetes ainda estão espalhados pelo Líbano, escondidos em áreas subterrâneas de difícil acesso. Além disso, a fronteira porosa com a Síria continua a favorecer o tráfico de armas, um desafio que persiste”, disse ela, por e-mail.

“Essas realidades significam que um desarmamento completo sempre será uma batalha morro acima, bem extrema”, completou.

Em nota, o Exército israelense disse nesta terça que os intensos ataques da véspera, antes do cessar-fogo, visavam justamente interromper cadeias de distribuição de armas iranianas via a Síria. Em sua fala sobre o acordo, Netanyahu citou explicitamente a ditadura de Bashar al-Assad, dizendo que o rival não deveria “brincar com fogo”.

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