O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, vai prestar novo depoimento ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta quinta-feira (21) para explicar eventuais omissões e contradições em outros interrogatórios dele. Ele será interrogado pelo ministro Alexandre de Moraes.
Mauro Cid corre o risco de perder os benefícios do acordo de delação premiada que firmou com a Justiça depois que a Polícia Federal encontrou no computador dele arquivos sobre um suposto plano para assassinar autoridades, algo que o tenente-coronel disse à corporação não ter conhecimento.
A oitiva está marcada para as 14h e vai acontecer na sala de audiências do Supremo. Moraes ordenou o novo depoimento “em virtude das contradições existentes entre os depoimentos do colaborador e as investigações realizadas” pela Polícia Federal sobre um suposto plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o próprio ministro. A operação foi deflagrada na terça-feira (19).
Foram encontradas informações sobre a trama no computador de Cid. Em novo depoimento na terça, Cid negou que soubesse do plano. No mesmo dia, a PF pediu o fim dos benefícios da delação de Cid. O militar teria ocultado informações durante seus depoimentos à PF, o que é contra os termos do acordo de colaboração.
Se Moraes anular a delação, as informações prestadas por Cid no âmbito da colaboração continuariam tendo valor na investigação. Ele só perderia os benefícios combinados pelo acordo, como redução do tempo de pena, e poderia voltar à prisão. A delação de Cid foi aceita pelo STF em agosto de 2023.
Há dois dias, a PF deflagrou a Operação Contragolpe, que efetuou cinco prisões preventivas. A corporação apura a existência de uma suposta organização criminosa, formada em sua maioria por militares das Forças Especiais do Exército, chamados de “kids pretos”, que teria planejado um golpe de Estado para impedir a posse do governo eleito nas eleições de 2022.
Na operação foram presos: Mário Fernandes, general da reserva do Exército e ex-secretário executivo da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo Bolsonaro; Helio Ferreira Lima, tenente-coronel da ativa; Rafael Martins de Oliveira, tenente-coronel da ativa; Rodrigo Bezerra Azevedo, tenente-coronel; e Wladimir Matos Soares, policial federal.
Entre as ações do grupo, foi encontrado um plano, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022, para matar Lula, Alckmin e Moraes.